Quando eu era pequenino (2)

QUANDO EU ERA PEQUENINO... (2) – “Vai p’á serra”

… “Vai p’á serra” – ordem de papá, lugar dos Toucinhos, (nessa altura – Paróquia de Ourém – colegiada – castelos, onde  imperava um Gens autoritário – padre a cavalo).

  • Gens? – Pároco de alto gabarito, pontificava na solenidade da cavalgadura que sempre o transportava, desde a Atouguia até aos Castelos, até Peras Ruivas e aos Toucinhos. Na faladura arrastava o “rr”: “Meus irrmãos, prreciso de palha para o cavalo! (Anúncio nos avisos da missa). Cá fora, uma simplória serviçal: “Ó sô prior, quando precisar de palha… é só abrir a boca!”
  • Outra do Gens: 1946 – Alburitel a Paróquia. Havia necessidade de um lugar para associar à Paróquia. À volta nem pensar. Mas o Bispo decidiu: Toucinhos. Claro, os colegas do Gens, párocos, gozavam: Eh Gens! Anh? Foram-te à Salgadeira… roubaram-te os Toucinhos!
  • Pastor de obrigação, mais que vocação, claro, não podia deixar o gado à vontade. Era tudo propriedade particular… Só muito longe, à falta de pasto, encontraria algo (pouco) para alimento das alimárias, sempre esfomeadas. “Ó Tóino, atão não sais com o gado? Para onde, meu pai? Não há pastos por aqui! Está tudo “tolhido”! “Vai p’á serra”! E assim ficou batizado (pelo próprio pai),

O pastor… resolveu casar… lá pro fundo de Alburitel. E um menino nasceu. (o do 14 de Fevereiro). Cavar, cortar mato e amanhar uns tanchões na serra… nunca, nos afazeres diários,  deixou de exercer o cariz da alcunha. Na pobreza dum labor duro e nem sempre contínuo… o sustento, pobre mas certo… dava para umas couves com feijões. E assim se foi sobrevivendo e  o menino crescendo.

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