Imagem extraída do volume VII da "Storia dell'Arte", publicada em 1978 pelo Istituto Geografico De Agostini, de Novara (p. 15)

Conversão de S. Paulo, Apóstolo

25 de janeiro de 2024

Foram tão grandes os benefícios que a Igreja recebeu da poderosa mão de Deus pelo ministério de S. Paulo que, em sinal de agradecimento, quis celebrar particularmen­te a memória da conversão do glorioso Apóstolo.

Estabeleceu, pois, a Igreja uma festa para dar graças a Deus pela conversão deste Apóstolo, pela sua divina vocação e pela sua missão especial de pregar o Evangelho aos Gentios. Estes três favores, que Jesus Cristo fez a S. Paulo no momento da sua conver­são, constituem o objeto principal desta festividade.

 

Pode ler AQUI MESMO a parte restante desta breve biografia, extraída da obra de José Leite, SJ (Organização de), “Santos de Cada Dia” I – Janeiro, Fevereiro, Março e Abril | 4ª edição revista e atualizada por António José Coelho, SJ, Editorial A.O., Braga 2003, pp. 90-92.AQUI MESMO 

Convidamos também a abrir o SITE https://www.liturgia.pt/ onde, além de informações e materiais preciosos, incluindo publicações diversas, encontra as leituras bíblicas, orações e referências históricas para cada dia do Ano Litúrgico, nomeadamente o Martirológio. HOJE

Os botões com os títulos dos cânticos propostos a seguir estão ligados às respetivas partituras – em formato PDF – que incluem uma versão instrumental das respetivas melodias. Para quaisquer dúvidas, comentários ou pedidos, não hesite em contactar o titular do site, utilizando este formulário.

Programa

Cânticos

Autor

Cântico de Entrada

A. Cartageno

Salmo responsorial

M. Luís

Ver ainda: LIVRO DO SALMISTA Ano C –  págs. 195-197 e 232-234

Pós-comunhão

A. Oliveira

Observação

Para o Ordinário da Missa aconselham-se os cânticos do Cantoral Nacional para a Liturgia [CNL],
publicado pelo Secretariado Nacional de Liturgia (julho de 2019):

  1. Acto penitencial – números 11-26
  2. Glória – números 27-31
  3. Aleluia – números 44-57
  4. Santo – números 89-97
  5. Cordeiro de Deus – números 114-123.

Proposta complementar de cânticos para este domingo com base apenas no Cantoral Nacional para a Liturgia (CNL)

Entrada
Salmo Responsorial
Comunhão
Pós-Comunhão
Eu sei em quem pus a minha confiança
Alegre-se toda a Igreja
Ide por todo o mundo
Vós me seduzistes, Senhor
Vós sois o Caminho, a Verdade e a Vida
Não fostes vós que Me escolhestes
Ide por todo o mundo
Povos da terra louvai o Senhor
O amor de Deus repousa em mim
442
198
537
1021
1025
638
534.535
822
670

Conversão de S. Paulo (ano 34) | Breve biografia

Foram tão grandes os benefícios que a Igreja recebeu da poderosa mão de Deus pelo ministério de S. Paulo que, em sinal de agradecimento, quis celebrar particularmen­te a memória da conversão do glorioso Apóstolo.

Estabeleceu, pois, a Igreja uma festa para dar graças a Deus pela conversão deste Apóstolo, pela sua divina vocação e pela sua missão especial de pregar o Evangelho aos Gentios. Estes três favores, que Jesus Cristo fez a S. Paulo no momento da sua conver­são, constituem o objeto principal desta festividade.

Com efeito, se entre o povo judaico era celebrado solenemente o dia aniversário das grandes vitórias que tinham sido muito vantajosas para o Estado, que vitória houve já, que fosse tão frutuosa para a Igreja e lhe sujeitasse tantos povos, como a que Jesus Cristo alcançou do mais furioso perseguidor dos fiéis, e pela qual do seu maior inimigo fez o mais valoroso defensor da sua Lei, um vaso de eleição, o doutor das gentes, e finalmente um dos seus maiores Apóstolos?

Saulo, que depois tomou o nome de Paulo, era judeu de nação, da tribo de Benjamim, e tinha nascido em Tarso, capital da Cilicia. Seu pai professava a seita farisaica, isto é, pertencia ao número daqueles judeus que faziam profissão de ser os mais exatos observantes da lei e de seguir a moral mais rígida e severa.

Pelo nascimento era ele cidadão romano, por ser um dos privilégios da cidade de Tarso, que era Município de Roma, título mais nobre que o de Colónia, em atenção a que nas guerras civis se tinha declarado sempre por Júlio César e depois por Augusto, até tomar o nome de Juliópolis.

Os primeiros anos da infância passou-os em Tarso, estudando as ciências gregas, que aí eram ensinadas do mesmo modo que em Alexandria e em Atenas.

Como Saulo fosse dotado de muito engenho e amor ao estudo, seus pais envia­ram-no para Jerusalém, onde aprendeu na escola de Gamaliel, célebre doutor da lei, que o instruiu com esmero em tudo quanto pertencia à religião, costumes e cerimónias dos judeus.

Não foram infrutuosos os seus estudos; tornaram-no dentro de pouco tempo zelosíssimo na observância da lei, de procedimento irrepreensível e um dos mais ardentes e obstinados defensores da seita dos fariseus.

Zelo tão intenso pelas cerimónias de seus pais não podia deixar de fazer dele um irreconciliável inimigo da religião cristã, e como tal se declarou logo. Supõe-se que foi Saulo um dos judeus da Cilicia que se levantaram contra Santo Estêvão e disputaram contra ele. Pelo menos é indubitável que foi dos que com mais ardor clamaram pela sua morte, e que desejou ter o gosto de guardar as capas dos que o apedrejavam, como diz Santo Agostinho, para o fazer pelas mãos de todos.

O sangue deste primeiro Mártir acendeu ainda mais a raiva e irritou a cólera dos judeus. Por isso trataram de excitar uma horrível perseguição contra a Igreja de Jerusa­lém. Nesta guerra assinalou-se Saulo. Animava-o um zelo que parecia furor. Vendo-se aplaudido e autorizado pelos da sua nação, nada era capaz de o deter. Entrava pelas casas, arrancava delas todos os que suspeitasse serem cristãos, metia-os nos cárceres e carrega­va-os de cadeias.

A sua raiva contra os fiéis crescia à medida dos resultados. Obteve facilmente do sumo sacerdote Caifás poderes discricionários para fazer exata pesquisa de todos os cristãos, com faculdade de os castigar. Entrava em todas as sinagogas, mandava açoitar cruelmente a quantos criam em Jesus Cristo e punha em execução todos os meios possí­veis para os obrigar a blasfemar do seu santo Nome.

Era olhado como furioso perseguidor dos cristãos, como inimigo jurado de Jesus Cristo e açoite dos seus fiéis servos. Só o nome de Saulo aterrava! Dir-se-ia que os limi­tes da Judeia, da Galileia e de toda a Palestina, eram muito estreitos para conter o zelo, ou antes a fúria, deste perseguidor desesperado. Todo ele era ameaças, todo sangue e morte, quando ouvia o nome de cristão.

Chegando ao seu conhecimento que em Damasco, célebre cidade da outra parte do monte Líbano, dia a dia aumentava o número dos discípulos do Salvador, pediu ao príncipe dos sacerdotes cartas para aquelas sinagogas, autorizando-o a prender todos os cristãos que encontrasse e a conduzi-los para Jerusalém, onde os podia mandar punir mais livremente.

Achava-se já a duas ou três léguas daquela cidade, quando, em pleno meio-dia, viu baixar do céu uma luz mais resplandecente que o próprio sol, a qual o cercou. Caindo em terra, Saulo ouviu uma voz que lhe dizia em hebraico: Saulo, Saulo, porque Me per­segues? Então Saulo, mais atónito ainda, perguntou: Quem sois, Senhor? E a mesma voz respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues: duro é para ti recalcitrar contra o agui­lhão. Saulo, tremendo e espavorido, replicou: Senhor, que quereis que eu faça? E o Se­nhor respondeu-lhe: Levanta-te, entra na cidade, e aí se te dirá o que convém fazer.

Enquanto isto se passava, os que iam em companhia de Saulo estavam espanta­dos. Ouviam sim a voz, mas sem ver ninguém. Levantou-se então Saulo e, tendo os olhos abertos, nada enxergava. Desta maneira, guiando-o pela mão, introduziram-no em Da­masco. Esteve aí três dias, cego, sem comer nem beber.

Vivia naquele tempo em Damasco um discípulo de Cristo, chamado Ananias, ho­mem de grande piedade e a quem todos, mesmo os judeus, veneravam. Apareceu-lhe o Senhor em visão e disse-lhe: Levanta-te, e vai à rua que se chama Direita, e procura em casa de Judas a um chamado Saulo de Tarso, porque ele está ali orando. Ananias, espanta­do ao ouvir o nome de Saulo, respondeu: Senhor, tenho ouvido a muitos, a respeito deste homem, quantos males tem feito aos vossos Santos em Jerusalém. Aqui mesmo tem poder dos príncipes dos sacerdotes para prender todos aqueles que invocam o vosso nome.

Vai, replicou o Senhor, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel. Além de que eu lhe mostrarei quanto é necessário que ele padeça pelo meu nome.

Obedeceu Ananias à voz de Deus e, procurando Saulo no lugar indicado, pôs as mãos sobre ele, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou para que recebas a vista e sejas cheio do Espírito Santo.

Imediatamente caíram dos olhos de Saulo umas como escamas e logo começou a ver com toda a claridade. Levantou-se cheio de alegria e dos mais vivos sentimentos de gratidão e de amor. Ananias declarou-lhe então o que o Senhor lhe tinha dado a entender com respeito à sua vocação, e batizou-o. Tendo ambos dado graças a Deus, Saulo tomou alimento e ficou confortado. Este­ve depois alguns dias com os discípulos que havia em Damasco.

Crê-se que a esse tempo contava cerca de 36 anos de idade. Antes de sair de Damasco, pregou na sinagoga que Jesus, a quem ele havia perseguido, era o verdadeiro Messias, Filho eterno de Deus vivo. É fácil imaginar a admiração com que o ouviram aqueles que, poucos dias antes, o tinham visto perseguir tão raivosamente a religião cris­tã e sabiam que Saulo viera a Damasco para aprisionar todos os que a professavam.

Há muitos séculos já que se fixou a festa da Conversão de S. Paulo no dia 25 de janeiro. Tem por origem uma trasladação do corpo do Santo.

Sobre a «conversão» de S. Paulo e para descrever esta sua conhecida representação iconográfica, pedindo vénia ao Autor transcrevemos aqui (sem as notas) uma breve passagem da obra de José Tolentino de Mendonça, «Metamorfose necessária» (Quetzal, 2022), que a ela se refere explicitamente – e a questiona – da seguinte forma, no capítulo intitulado “Começar uma viagem caído por terra”. Este nosso “abuso” é também um convite a ler uma obra que, como escreve JTM no Prólogo, “pode ser lida de vários modos”.

«Uma viagem inusitada a meio daquele caminho de Damasco abriu-se para Paulo. É verdade que ela ficou a marcar uma certa tipologia da conversão: imediata, total, fulgurante, na forma absoluta como acontece. Fala-se muito, por exemplo, da queda do cavalo, mas em nenhum passo das suas cartas ou dos Atos dos Apóstolos se diz que Paulo ia a cavalo. Não se sabe do recurso ou não a esse transporte, embora a tradição iconográ­fica tenha representado amplamente o apóstolo dessa maneira, e numa intensidade tão impressiva que estávamos prontos a jurar ter lido qualquer passo acerca dele. Há, de facto, um inesquecível cavalo, mas nas imagens de Dürer, Miguel Ângelo, Tintoretto, Rubens, Parmigianino – uma lista interminável. Frequentemente referido é o da pintura de Caravaggio, intitulada Conversão de São Paulo: Paulo surge caído por terra, com os braços abertos e levan­tados, como quem acolhe o invisível; os olhos completamente cer­rados, ligados agora a um outro entendimento. E no centro um cavalo imenso, quase metafísico, a deslocar-se suavemente para fora de cena, como se não fosse já necessario ou adivinhasse que começava precisamente aí outro tipo de peregrinação para o seu cavaleiro derrubado.

Se o texto bíblico não alude à presença de um cavalo, e se se sabe que Paulo viajou por terra maioritariamente a pé, como se chegou a essa representação? Há um motivo que joga com aquilo que o relato não diz, mas que entra no puro território das probabilidades (de facto, o cavalo seria um meio de transporte utilizado). E há uma importante razão simbólica. O retrato inicial de Paulo é o de um homem investido de força, acorrentado a uma convicção implacável. Ora, o que a narra­tiva da sua conversão vai mostrar é a prostração e a fragilidade perante a revelação de Jesus (“Saulo, Saulo, porque me perse­gues?” [At 9:4]).

Os textos bíblicos não dizem que o futuro apóstolo tom­bou de um cavalo, apenas que “caiu por terra”. De facto, “ape­sar do papel de Paulo, que possui uma autorização do sinédrio para deter os discípulos de Jesus, o autor dos Atos não o apre­senta no interno de uma expedição militar”. “Caiu por terra.” Também Ezequiel, perante a visão da glória de Deus, descreve: ”À sua vista eu caí de rosto por terra e ouvi uma voz que falava.” (Ez 1:28) E encontramos a mesma representação no Livro de Daniel (10:7-10). […]»

Depois da citação do Livro de Daniel, o Autor termina assim o referido capítulo: «Arriscando interpretar, porém, a reviravolta que o encon­tro de Damasco provocou, artistas e comentadores espirituais não hesitaram em enfatizar esta queda. A globalidade da histo­ria de Paulo mostra que estão certos.»

Como  curiosidade, mas também para apreciação e aprofundamento, eis as páginas do Missal Quotidiano e Vesperal publicado em Bruges (Bélgica, em 1936), referentes a esta Festa e toda a abrangente apresentação (resumo) do tempo depois de Pentecostes (exposição dogmática) – páginas 803-825 desse precioso Missal.

Miguel Ângelo | Conversão de S. Paulo | Capela Paulina (Cidade do Vaticano)

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