XXVI Domingo do Tempo Comum

A pertença eclesial não é o único critério de adesão a Cristo e ao reino de Deus. E este reino não se circunscreve ao âmbito da Igreja, mas anima todos os homens de boa vontade. Todos os que amam o próximo e lutam sinceramente por um mundo mais humano e pelos direitos humanos, especialmente dos menos favorecidos, estão a favor do Evangelho e, desde que não recusem expressamente a Cristo, estão connosco, seus seguidores. Fomentar esta abertura e empatia não é desbaratar o cristianismo, nem pôr o Evangelho a saldo, nem patrocinar a indiferença. A palavra de Deus é eficaz e exige a conversão de todos, sem equívocos nem concessões, embora seja também profundamente humana e compreensiva.

A lª leitura ë do Livro dos Números. Moisés sente-se cansado e incapaz de atender todo o povo. Então Deus diz-lhe que escolha setenta pessoas capazes de o ajudar e Deus fará descer o mesmo espírito que está nele, Moisés. Os setenta homens reuniram-se na tenda onde Deus falava com Moisés, receberam o espírito e começaram a profetizar, isto é, ficaram em exaltação coletiva e falavam em nome de Deus. Ora dois não estiveram na cerimónia e começaram a profetizar como os outros, o que causou certa inveja. Moisés intervém, dizendo: “Quem dera que todos os membros do povo recebessem o mesmo espírito e se tornassem profetas”.

A 2ª leitura é da Epístola de São Tiago. São ameaças terríveis contra os ricos. Porque? Os bens materiais não têm nada de mal. E Tiago não se vira contra a riqueza, não deseja que seja destruída; o que ele condena são os que a não partilham com os irmãos, os que a acumulam e a utilizam só para si, para satisfazer os próprios caprichos.

O Evangelho ê segundo São Marcos. João queixa-se a Jesus de que anda certo homem a fazer curas em nome de Jesus. E, porque ele não faz parte do grupo, os Apóstolos proibiram-no de fazer tal coisa. Jesus reprende-os e diz-lhes que quem quer que atue em favor dos homens é dos nossos. O Espírito não é propriedade de ninguém. A segunda parte contém uma série de frases, aqui reunidas pelo Evangelista.

Qualquer ato de amor feito ao próximo não ficará sem recompensa. Seguem-se palavras duríssimas contra os que escandalizam os pequenos, ou seja, as pessoas fracas de fé. Há finalmente um aviso contra outra forma de escândalo proveniente da própria mão, do próprio pé, dos próprios olhos. Há que cortar todas estas ocasiões de pecado, sob pena de castigos eternos.