XII Domingo do Tempo Comum

O nosso Deus não é o deus das falsas seguranças humanas. Não é a fórmula que soluciona as nossas dificuldades e os nossos problemas. A fé é compromisso contínuo, exatamente porque crê, apesar das tempestades nas quais é continuamente posta à prova: Seria uma falsa fé a que buscasse a Deus só como consolação individual e solução imediata das dificuldades em que nos encontramos. Na base desta fé estaria, não a disponibilidade absoluta nas mãos de Deus, mas a tentativa de “utilizar” Deus para proteger a nossa segurança.

A lª leitura é do Livro de Job. Job, no seu sofrimento e nas suas interrogações, pergunta se Deus “sabe” o que se passa neste mundo. Deus responde a Job a partir da tempestade, revela-lhe a transcendência do seu ser e dos seus desígnios, que o homem deve acatar com fé submissa e obediente. Mas só a morte de Cristo dará resposta definitiva ao mistério da dor.

A 2ª leitura é da Segunda Epístola de São Paulo aos Coríntios. A ideia central deste trecho é que Cristo foi capaz de morrer por todos e assim criou uma humanidade nova. 0 seu gesto deve levar os seus discípulos a segui-1’0 pelo mesmo caminho da generosidade para com os irmãos. A vida cristã deve ser sempre uma vida renovada.

A 3ª leitura, o Evangelho, é de São Marcos. Jesus vai a dormir na barca quando se levanta furiosa tempestade. Os discípulos apavorados acordam Jesus, que logo impõe a bonança ao mar. A tempestade acalmada é um sinal da divindade de Jesus. Mas desde sempre a tradição viu neste episódio a imagem da Igreja. Se não soçobra nas tempestades é porque Jesus vai com ela na travessia. Jesus dormia na barca, mas mais adormecida estava a fé dos discípulos. Também nós, no meio de tantas dificuldades, dores, provações, pecados e desordens, esquecemo-nos que Jesus está connosco, e, por isso, o poder do Inferno e do mal não afundará a sua Igreja.

 Também a nós, nas dificuldades de toda a ordem que aparecem na nossa vida, pode vir a queixa: “Senhor, não te importas que nos afundemos?”. Se o nosso grito é oração, está bem. Mas, se é desconfiança na Providência, dúvida e falta de fé, teremos de escutar a correção de Jesus: “Porque sois tão cobardes? Ainda não tendes fé?”