Cantate Domino

Naquele tempo… (então dizia-se: In illo tempore – ali nas raias dum inédito Concílio Ecuménico – o Vat II)… Naquele tempo, em que um Cantai ao Senhor (4ª ed. -1951) e um Jubilate (União Gráfica) eram as quase únicas fontes a reunir  uns gregorianos, transcritos para notação moderna, e mais umas tímidas, mas arrojadas, composições em português, umas de tradição, outras de autores  não muito notórios mas de arrojada inspiração, eis que surge um italiano, no Seminário da Consolata em Fátima, P. Sergio Gruppo, que, inspirado e secundado por C. Silva e António Gregório, lançou mãos a uma publicação que, sendo mais para a sua comunidade, ofereceu um contributo desempoeirado, embora incipiente, de coisas novas que iam aparecendo aqui e ali, traduções às vezes de cânticos estrangeiros, (mas quem não fez isso?) que iam secundando um latim incompreensível e arrevezado para o povo, latim que, dentro em breve, mesmo com declaração solene de que continuaria a ser música oficial da Igreja, se deixou envolver e ultrapassar de realidades novas que não eram de pôr de lado.

Chamou-lhe Cantate Domino. Fê-lo artesanalmente com as ferramentas então disponíveis: stencil e Gestetner, com a ajuda preciosa de alunos a tender para a arte… A máquina rodou, rodou inúmeras vezes, e saiu esta obra que agora, para memória, mediante as novas tecnologias, pomos à disposição de saudosos desta arte. Talvez ainda seja útil nalgumas daquelas músicas que foram o princípio duma renovação que aflorava e que trouxe inúmeros benefícios. Pôs as assembleias a cantar. Data de 1963… Linda data!

P. Artur Oliveira (AO)