
Beatos Inácio de Azevedo e Companheiros, mártires
17 de julho
A 5 de Junho de 1570, partiu de Lisboa em direção ao Brasil a maior expedição missionária que jamais Portugal enviou para terras de além-mar. Eram 73 missionários destinados a pregar, baptizar e civilizar as novas paragens da América, descobertas por Pedro Álvares Cabral. Esses Padres, Seminaristas, Irmãos Auxiliares e outros ajudantes iam espalhados por três naus da frota comandada por D. Luís de Vasconcelos, governador do Brasil. O maior número – quarenta – chefiados pelo Padre Inácio de Azevedo, seguiam na nau Santiago.
[…]
Este é o primeiro parágrafo da biografia dos Beatos extraída do II volume da obra «Santos de cada dia – Maio, junho, julho e agosto», que aqui transcrevemos, com a devida vénia. Pode ler integralmente a sua história na obra publicada pelo Secretariado Nacional do Apostolado da Oração – 4ª edição, revista e atualizada por António José Coelho, S.J., Editorial A.O., Braga 2003 (páginas 333-337), ou diretamente [AQUI]
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Programa
Cânticos
Autor
Observação
Para o Ordinário da Missa aconselham-se os cânticos do Cantoral Nacional para a Liturgia [CNL],
publicado pelo Secretariado Nacional de Liturgia (julho de 2019):
- Acto penitencial – números 11-26
- Glória – números 27-31
- Aleluia – números 44-57
- Santo – números 89-97
- Cordeiro de Deus – números 114-123.
Inácio de Azevedo e Companheiros | Biografia [Continuação]
A 12 de Junho, aportaram à ilha da Madeira, onde se demoraram alguns dias para consertar as embarcações, descansar e recolher provisões, e para os mercadores negociarem. Os mares andavam infestados de piratas protestantes que roubavam e matavam os missionários que iam pregar a religião católica às terras de novo descobertas. Espalhou-se a notícia de que os corsários rondavam a ilha. Apesar disso, a nau Santiago navegou para a cidade de Palma, nas ilhas Canárias. Dentro em breve, distinguiram-se no mar cinco navios inimigos, com boa artilharia «toda de bronze», e com 300 homens bem defendidos «com capacetes e armas brancas».
Que fazer? A nau Santiago, com a ousadia dos antigos Cruzados, decide dar batalha ao inimigo. O capitão português não duvidou um momento do resultado da luta. Restava salvar a honra, combatendo heroicamente por Deus e por Portugal.
O Padre Inácio de Azevedo manda reunir todos os missionários junto do mastro grande, rezam as ladainhas dos santos e no fim dirige-lhes estas palavras:
– Irmãos, preparemo-nos todos, porque hoje, neste dia, haveremos de ir povoar o céu. Ponhamo-nos todos em oração e façamos de conta que esta é a última hora que temos de vida.
Os fervorosos missionários rompem em alta voz, uns depois dos outros:
– Senhor, faça-se em mim a Vossa Santíssima vontade.
– Senhor, aqui estou para tudo quanto Vós de mim quiserdes.
– Senhor, ainda que morra mil mortes, faça-se a Vossa Santíssima vontade.
Os franceses atacam o navio de Portugal. Por duas vezes tentam meter dentro os seus homens, que são repelidos e jogados ao mar. Mas não desistem e, por fim, conseguem o seu intento. O seu comandante, Jacques Sória, brada:
– Mata! Mata, porque vão semear doutrina falsa no Brasil. Voltados para os missionários, vomitam injúrias os protestantes:
– Papistas! Cães! Hereges!
O Padre Inácio de Azevedo, com um quadro da Virgem Santíssima em exposição solene sobre o peito, anda dum lado para o outro gritando:
– Irmãos, defendei a fé de Cristo! Pela fé católica e pela Igreja Romana!
Não dá licença aos seus religiosos de combaterem com armas na mão, como o capitão português pediu. Só lhes é permitido ajudar os feridos e estimular os vivos ao combate.
Um protestante calvinista lança-se sobre o Padre Inácio, capitão dos missionários, espeta-lhe uma cutilada na cabeça que penetra até aos miolos. Outros aproveitam o caminho aberto para também sobre ele descarregarem a sua cólera. O Padre não sente o ódio, nem os insulta. Uma palavra amiga, lembrança para os seus algozes. Renova a profissão da sua fé:
– Todos me sejam testemunhas como morro pela fé católica e pela Santa Igreja Romana.
Os irmãos tomam-no nos braços e levam-no para um quarto, onde o moribundo se confessa ao Padre Diogo de Andrade.
O mártir, estendido sobre a púrpura do próprio sangue, acolhe paternalmente os jovens, que, um por um, se ajoelham e para ele estendem os braços até recostarem a cabeça no seu peito. A sua voz débil incute-lhes confiança:
– Filhos, não temais, esforçai-vos. O meus filhos! Que grande mercê é esta de Deus! Ninguém tenha medo, nem fraqueza.
O Irmão Francisco Magalhães, a chorar como uma criança, exclama:
– Oh! Que será agora de nós, sem pai e sem pastor?
O Padre, cheio de afeto, como quem já fala de longe, suspira:
– Filhos, não temais! Deus fez-me vosso pastor. Bem é que o pastor vá à frente das ovelhas. Eu vou adiante preparar-vos o lugar.
E com os olhos fixos no quadro de Nossa Senhora, que não largava das mãos, expirou muito docemente, «sem pena, nem trabalho».
Não se fartavam os jovens missionários de beijar o ditoso cadáver e banhar-se no seu sangue. Ao Irmão Francisco de Magalhães, com o rosto tingido de sangue do santo mártir, diziam os companheiros que se lavasse.
– Nunca – respondeu. Queira Deus que eu me lave do sangue do santo Padre Inácio.
O corpo desse mártir ficou inteiriçado com os braços em cruz. Assim vestido e calçado, à vista de todos, o lançaram os protestantes ao mar. Esta cena cortou de dor o coração dos missionários. Uns, de mágoa, nem o podiam fitar; outros olhavam-no, mas desfaziam-se em lágrimas.
Os restantes missionários não duvidam que os espera sorte igual à do seu Mestre. Disfarçadamente, para os franceses não darem conta, confessam-se ao padre Diogo de Andrade.
Uns atrás dos outros vão sendo mortos ou atirados vivos ao mar.
Foi no dia 15 de Julho de 1570 o seu martírio.
Dos quarenta que iam na nau, um só os protestantes pouparam. Foi o irmão João Sanches que, sendo cozinheiro, quiseram guardar para lhes fazer a comida.
O lugar deste supriu-o Deus maravilhosamente por meio dum rapazito tão piedoso e bom que parecia um anjo. Era da província do Minho e chamavam-lhe, por graça, São Joaninho. Ansiava ser jesuíta e o Padre Inácio de Azevedo já lhe tinha prometido admiti-lo, no Brasil, na Companhia de Jesus.
O pequenino herói quer também ser mártir. Veste o hábito preto dos outros missionários e os protestantes, pensando que era mais um jesuíta, atiraram-no vivo ao mar. Hoje é venerado nos altares como os outros mártires. É o Beato São Joaninho ou João Adaucto, isto é, acrescentado.
Na ilha da Madeira, os restantes missionários não perdem a coragem. Também eles largam para o Brasil. São assaltados por piratas ingleses e franceses.
Dois escaparam, treze foram chacinados e atirados ao mar em ódio da Fé e da Igreja Católica, mas um deles, apesar de ter morrido, não é considerado mártir, por se ter disfarçado em marinheiro. Estes doze, comandados pelo Padre Pedro Dias, morreram mártires como os outros quarenta. Infelizmente, o Papa Pio IX, em 1854, só concedeu o título de Beatos ao Padre Inácio de Azevedo e aos seus 39 companheiros, isto é, àqueles que Santa Teresa contemplou, ao mesmo tempo que entravam no céu. O Padre Pedro Dias e companheiros sofreram o martírio mais tarde.
Como são misteriosos os caminhos de Deus! Prepara-se um grande reforço de 73 operários (religiosos e ajudantes) para as missões brasileiras, ainda no seu começo. Que bem imenso poderiam fazer! E nem um só chega ao termo da viagem. 52 foram martirizados (40 incluindo o Beato Inácio de Azevedo e 12 com o Padre Pedro Dias); os outros 21, por um motivo ou outro, não atingiram as missões americanas.
NOMES DOS MÁRTIRES E DAS TERRAS
Padres (P) 2 – Estudantes (E) 24 – Irmãos Auxiliares (A) 14:
Portugueses
- 1) B. Inácio de Azevedo (P) Porto
- 2) B. Diogo de Andrade (P) Pedrógão Grande
- 3) B. Amaro Vaz (A) Porto
- 4) B. António Correia (E) Porto
- 5) B. Gaspar Álvares (A) Porto
- 6) B. Gonçalo Henriques (E) Porto
- 7) B. Simão da Costa (A) Porto
- 8) B. Brás Ribeiro (A) Braga
- 9) B. João Fernandes (E) Braga
- 10) B. Pedro da Fontoura (A) Braga
- 11) B. Aleixo Delgado (E) Elvas
- 12) B. Álvaro Mendes (E) Elvas
- 13) B. Luís Correia (E) Évora
- 14) B. Luís Rodrigues (E) Évora
- 15) B. Francisco de Magalhães (E) Alcácer do Sal
- 16) B. Manuel Rodrigues (E) Alcochete
- 17) B. Domingos Fernandes (A) Borba
- 18) B. Nicolau Dinis (E) Bragança
- 19) B. Manuel Fernandes (E) Celorico da Beira
- 20) B. Manuel Pacheco (E) Ceuta
- 21) B. Bento de Castro (E) Chacim
- 22) B. Francisco Álvares (A) Covilhã
- 23) B. Manuel Álvares (A) Estremoz
- 24) B. Pedro Nunes (E) Fronteira
- 25) B. João Fernandes (E) Lisboa
- 26) B. João Adaucto (E) Lisboa
- 27) B. António Fernandes (A) Montemor-o-Novo –
- 28) B. Diogo Pires (E) Nisa
- 29) B. Simão Lopes (E) Ourém
- 30) B. António Soares (E) Trancoso
- 31) B. André Gonçalves (E) Viana do Alentejo
- 32) B. Marcos Caldeira (E) Vila da Feira
Espanhóis
- 33) B. Estêvão de Zurara (A) Biscaia
- 34) B. Fernão Sanches (E) Castela-a-Velha –
- 35) B. João de Mayorga (A) Aragão
- 36) B. João de Safra (A) Jerez de Badajoz
- 37) B. Gregório Escribano (A) Logronho
- 38) B. Francisco Pérez Godoy (E) Torrijos (Toledo)
- 39) B. Afonso de Baena (A) Villatobas (Toledo)
- 40) B. João de S. Martin (E) Yuncos (Toledo)
COMO MORRERAM OS MÁRTIRES
Foram todos deitados ao mar, alguns mortos, outros muito feridos, outros sem nenhuma lesão.
O Padre Inácio de Azevedo morreu com uma grande punhalada na cabeça e golpes no corpo: o Padre Diogo de Andrade, depois de muito ferido, foi lançado, ainda com vida, ao mar.
DEITADOS MORTOS AO MAR
Além do Padre Inácio, os Irmãos: Domingos Fernandes, Francisco Álvares, João Fernandes, Simão da Costa, Brás Ribeiro.
DEITADOS AO MAR DEPOIS DE GRAVEMENTE FERIDOS
O Padre Diogo de Andrade e os Irmãos: Amaro Vaz, André Gonçalves, António Fernandes, Diogo Pires, Luís Correia e Luís Rodrigues.
Merecem especial menção: O Ir. Bento de Castro, ferido com 3 balas e 7 punhaladas; o Ir. Aleixo Delgado, pisado com pancadas até lançar sangue pela boca e pelo nariz; o Ir. António Correia, com a cabeça rachada; o Ir. Manuel Álvares, retalharam-lhe o rosto com pancadas e quebraram-lhe os ossos das pernas e dos braços; e o Ir. Pedro Fontoura: cortaram-lhe a língua e o queixo.
ATIRADOS SIMPLESMENTE AO MAR
Os Irmãos Álvaro Mendes, Gaspar Álvares, Gonçalo Henriques, João Fernandes, Manuel Fernandes, Manuel Pacheco, Manuel Rodrigues, Marcos Caldeira, Nicolau Dinis, Simão Lopes, e os espanhóis: Estêvão de Zurara, Gregório Escrivano, João Mayorga, João de São Martinho e João de Safra.
DEPOIS DA TORMENTA
Santa Teresa de Jesus, como ela própria escreve, contemplou, em êxtase, a entrada no Céu dos 40 mártires, entre os quais, com particular regozijo, descobriu o seu primo Francisco Pérez Godoy.
No domingo, dia 16 de Julho, caíram os corsários sobre as bagagens dos missionários. Pisavam aos pés ou atiravam às ondas as imagens religiosas, terços e relíquias. Com os paramentos sagrados parodiaram as cerimónias da missa. Os cálices serviam-lhes para beber nas grandes comezainas.
As naus capturadas aos portugueses, escoltadas pelas dos corsários protestantes, seguiram para França, para o porto da Rochela.
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