
S. Isabel, Rainha de Portugal
4 de julho de 2025
Segundo parece mais provável, nasceu em princípios de 1270, filha do rei D. Pedro III de Aragão e da rainha D. Constança. Onde? Em Saragoça? Em Barcelona? Não sabemos ao certo. Casou-se em 1282 com D. Dinis, rei de Portugal, assinando o diploma matrimonial em latim. Esta frágil criatura de cabelo dourado e 12 anos incompletos não adivinhava, com certeza, a missão que Deus lhe reservava na agitada vida peninsular daqueles tempos, missão religiosa, política, social e humana de primeira classe.
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Programa
Cânticos
Autor
Ver ainda: LIVRO DO SALMISTA Ano C – págs. 40-41
Observação
Para o Ordinário da Missa aconselham-se os cânticos do Cantoral Nacional para a Liturgia [CNL],
publicado pelo Secretariado Nacional de Liturgia (julho de 2019):
- Acto penitencial – números 11-26
- Glória – números 27-31
- Aleluia – números 44-57
- Santo – números 89-97
- Cordeiro de Deus – números 114-123.
Esta é a continuação da biografia de Santa Isabel, extraído do II volume da obra «Santos de cada dia – Maio, junho, julho e agosto», que aqui transcrevemos, com a devida vénia. Pode ler integralmente esta e a história de outros Santos na obra publicada pelo Secretariado Nacional do Apostolado da Oração – 4ª edição, revista e atualizada por António José Coelho, S.J., Editorial A.O., Braga 2003 (páginas 290-294).
Neta de Jaime I, o Conquistador, bisneta de Frederico II da Alemanha, deles herdou a energia tenaz e a força de alma. Mas caracterizava-se principalmente pela bondade imensa e pelo espírito equilibrado e justo de Santa Isabel da Hungria, sua parenta próxima. Como diz a lenda medieval da sua vida, escrita por mão contemporânea da Rainha santa, era mulher cheia de doçura e bondade, muito inteligente e bem educada.
A viagem até Portugal foi longa e difícil, pois os guerreiros envolviam os caminhos de então, pouco seguros. Em Junho de 1282, encontrou-se em Trancoso com o rei D. Dinis, a quem via pela primeira vez. O Livro que fala da boa vida que levou a rainha de Portugal, Dona Isabel de Portugal, a que chamaremos lenda primitiva, e as Crónicas dos sete primeiros reis de Portugal traçam vigorosamente o retrato moral desta mulher extraordinária, que tão carinhosamente amou o indomável D. Afonso IV, o Bravo.
Gostava da vida interior e do trabalho silencioso. Jejuava dias sem conta através do ano, comovia-se com os que erravam, rezava pelo seu Livro de horas, cosia e fazia bordados em companhia das damas e donzelas, e distribuía esmolas aos necessitados, sem esquecer-se do governo da sua casa (a casa da rainha era um mundo). Tudo isto o fazia intensamente, e esta intensidade dá-nos a medida da sua vida.
Aos seus 20 anos nasceu D. Afonso IV, o Bravo, que foi a sua cruz e o grande amor da sua existência. Caso único na primeira dinastia portuguesa, a vida deste homem foi pura e não virá fora de propósito descobrir nisto a influência da mãe, e talvez um complexo de repugnância pelas aventuras amorosas, influenciado pelas dores que via sofrer Santa Isabel, meio abandonada pelo marido.
Mas era discreta, esta jovem rainha. Obrigava o filho a obedecer ao pai (ele era rei), fingia não saber nada sobre as andanças de D. Dinis e, ao trazê-las ele ao assunto, mudava a conversa ou começava a rezar e a ler os seus livros. O rei arrependia-se ou encobria ao máximo os seus pecados. E ela, muito mulher, mas cristã até à medula da alma, criava os filhos ilegítimos do marido. Deste modo, todos se admiravam de ver esta menina com tanto juízo e domínio de si mesma.
Na política peninsular de então, o seu poder moderador fez-se sentir profundamente, tanto nas guerras entre os reinos cristãos que haviam de formar a Espanha moderna, como nas desavenças intermináveis de D. Dinis com o irmão e com o filho turbulento.
Dava a razão a quem a tinha, e procurava explicar-lhe o direito e a verdade. E nem sempre era fácil convencê-lo. Nestes momentos sombrios e carregados de destino, fazia de esposa, de mãe e de rainha, embora sendo agradável no falar: jogava heroicamente tudo por tudo, chegando a ser desterrada para longe do rei.
Ódio vigoroso se enraizava na alma do infante, a ponto de tratar o pai como a um estranho. E não era somente a família real que estava desunida, eram milhares de famílias divididas por ambos os partidos, odiando-se implacavelmente, queimando casas e talando campos. Para restaurar a paz, desfeita a cada momento, Santa Isabel pôs-se a caminho de Coimbra. Lutava por aquilo que modernamente chamamos arbitragem. Nada de guerras. Seja a sentença dada pelo juiz. Assim deve ser. Afastem-se as tropas e, se o infante tem alguma razão, seja o rei a reconhecê-la.
Agora era junto de Lisboa, onde os soldados de D. Dinis e os do infante iam começar uma guerrilha mais, sem proveito. À pressa, Santa Isabel subiu para uma mula e, sem qualquer pessoa à sua volta, passou, como uma mulher qualquer, pelas hostes entre si inimigas.
Recordou ao filho os seus juramentos passados, pediu-lhe que não fizesse mal ao pai, falou com D. Dinis e voltou a ter com o infante. E a tempestade foi-se apaziguando. É pena que se tenha perdido quase toda a correspondência, excepto algumas cartas. Destas recordamos uma que enviou ao rei D. Jaime, almirante da Santa Igreja de Roma. Outra destinava-se ao rei D. Dinis, e dá-nos a medida exata da angústia desta mulher, que amava igualmente o marido e o filho, e os via sempre em guerra: «Não permitais — escreve ela — que se derrame sangue da vossa geração que esteve nas minhas entranhas. Fazei que as vossas armas parem ou então vereis como em breve morro. Se não o fizerdes, irei prostrar-me diante de vós e do infante, como a loba no parto se alguém se aproxima dos lobinhos recém-nascidos. E os balestreiros hão de ferir o meu corpo antes que se toque em vós ou no infante. Por Santa Maria e pelo bendito São Dinis vos peço que me respondais depressa, para que Deus vos guie».
Os anos foram passando. D. Dinis adoeceu de velho, como diz o cronista anónimo. Levaram-no para Santarém e Santa Isabel, uma vez mais, foi sua humilde enfermeira, até que o rei entregou a alma a Deus. Então sentiu-se a rainha mais longe do mundo. Voltaria a fazer pazes, a entrar em relações, a encaminhar como podia a tormentosa política da Península Ibérica, mas o seu propósito estava feito. Pôs o véu branco e vestiu o hábito de Santa Clara, ainda que livre de votos religiosos, conservando o que era seu, como diz ela, para construir igrejas, mosteiros e hospitais. Era resolução antiga, já conhecida pelo filho e pelo confessor, frei João de Alcami. Como antes (e até mais, pois era agora mais livre para dar-se a Deus e aos pobres), entregou-se à vida interior e deu largas ao seu sentido cristão do papel social da riqueza. Nas suas viagens via os pobres sentados às portas das vilas e das aldeias. Distribuía vestuários, visitava os doentes, pondo neles as mãos sem ter nojo, e entregava-os aos médicos. Frades menores, dominicanos e carmelitas, freiras meio emparedadas nos conventos religiosos e aquelas pessoas que vinham de Espanha pedindo esmola: a todos dava alguma coisa. Numa palavra: não ficavam desamparados nem presos, que da sua esmola não recebessem parte. Beijava os pés das mulheres leprosas. Junto a si criava muitas filhas de fidalgos, cavaleiros e gente mais humilde. Dessas, umas vinham a casar-se, outras faziam-se religiosas, conforme Deus queria, levando todas o seu dote. E Santa Isabel punha em tudo um carinho especial, um gesto de inefável delicadeza. Por exemplo, às noivas que ela casava emprestava-lhes uma coroa de pedras amarelas, o toucado e o véu, para que ficassem mais belas. Era atividade de estadista competente e de benfeitora social. Por onde passava e via hospitais, igrejas, pontes ou fontes em construção, logo ajudava da sua parte com alguma dádiva. Interessava-se por todas as obras, dirigiu a construção do convento de Santa Clara de Coimbra, falava com os operários, dizia-lhes como deviam fazer as coisas e eles ficavam assombrados de tantos conhecimentos que ela tinha.
Como todos os cristãos da Idade Média iam a Santiago de Compostela, para lá se dirigiu ela, sem dar explicações a ninguém, pois D. Dinis já tinha morrido. O arcebispo celebrou Missa e Santa Isabel ofereceu ao padroeiro da Espanha a mais nobre coroa do seu tesouro, véus, panos bordados, pedras preciosas e a mula com o seu manto de ouro e prata. Ao voltar a Portugal trazia consigo o bordão e a esclavina dos peregrinos, para «aparecer como peregrina de Santiago».
Num dia quente de Verão, ouviram-na dizer que ia começar a guerra entre D. Afonso IV, rei de Portugal, e o rei de Castela. Eram seu filho e seu neto. O calor era tremendo. Apesar disso, a rainha, cansada de anos e de trabalhos, pôs-se a caminho. Desta vez, indo a caminho de Estremoz, a torreira era como de morte. Com dor aguda, apareceu-lhe uma ferida no braço e teve também febre. Junto à sua cama estava a nora, D. Beatriz. Então viu passar uma dama com vestido branco. Nossa Senhora? É possível. Revela seguramente uma alma que pensava no outro mundo. Na quinta-feira seguinte confessou-se, assistiu à Missa e com grande devoção e muitas lágrimas recebeu o corpo de Deus. Voltou à cama. Quando a noite caía, disse a D. Afonso IV que fosse cear, seguindo o costume que têm as mães de cuidar dos filhos, como se sempre fossem pequenos. Sentia que a hora estava a chegar. Muito tinha rezado na sua vida! Tinha visitado centenas de igrejas, tinha assistido a incontáveis festas eucarísticas. Sabia latim, conhecia de cor os hinos litúrgicos, a ponto de corrigir os clérigos quando se equivocavam. Não nos admiremos que rezasse à hora da morte os versos latinos, Maria, mater gratie, etc. A voz consumia-se cada vez mais, mas ela continuava rezando, até que ninguém a compreendia já; e assim rezando acabou o seu tempo. Cumprir-se-ia o que ela tanto pedia a Deus: morreu junto ao filho. E nada tão comovente como o amor indestrutível desta Santa, que ninguém viu aborrecida com aquele filho bravo e duro de cerviz. Deu-se isto no castelo de Estremoz, a 4 de Julho de 1336.
Em sete jornadas, através das planícies abrasadoras do Alentejo e da Estremadura, levaram o seu corpo ao convento de Santa Clara de Coimbra. E lá ficou através dos séculos, rodeado duma auréola de milagres. Alguns deles lendários, como o milagre das rosas, que não vem na lenda primitiva. Outros verdadeiros. Ao canonizá-la, a 25 de Maio de 1625, Urbano VIII confirmava a voz antiga do povo, rodeando duma glória imortal uma das mais perfeitas mulheres da Idade Média.
Eis como se lhe refere o Padre António Vieira, num dos seus panegíricos mais perfeitos:
«O mundo a conhece como o nome de Isabel; e a nossa pátria, que lhe não sabe outro nome, a venera com a antonomásia de Rainha Santa. Com este título que excede todos os títulos, a canonizou, em vida, o pregão das suas obras; a este pregão se seguiram as vozes de seus vassalos; e a estas vozes a adoração, os altares, os aplausos do mundo. Rainha e Santa: estes dois nomes somente havemos de complicar, um com o outro; e veremos a nossa Rainha, tão industriosa negociante no manejo destas duas coroas, que, com a coroa de rainha negociou ser maior santa, e com a coroa de santa negociou ser maior rainha. Maior Rainha porque Santa, e maior Santa porque Rainha.
Perdoai-me, Rainha Santa, este discurso; mas não mo perdoeis, porque todo ele foi ordenado a avaliar o preço, encarecer a singularidade, e a sublimar a grandeza da vossa glória. Menos santa fora Isabel se a sua santidade não assentara sobre mulher e coroa. Destes dois metais, um tão frágil e outro tão precioso, deste vidro e deste oiro, se formou e fabricou a peanha que levantou a estátua de Isabel até às estrelas».
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