XXIII Domingo do Tempo Comum

Com frequência a Bíblia descreve a situação do povo, fechado à palavra de Deus, como tendo-se tomado surdo e mudo e assegura que a desobediência à palavra toma os lábios e os ouvidos inúteis. Quando volta uma época de obediência a Deus, imediatamente as línguas se soltam e proclamam a glória de Deus. Os cristãos sabem que a sua fé depende da palavra de Deus. 0 gesto de Jesus narrado no Evangelho torna-se atual num gesto feito na Igreja para a iniciação dos catecúmenos. Entre os sinais de conclusão e exortação, o sacerdote diz: “O Senhor Jesus, que fez ouvir os surdos e falar os mudos, te dê a graça de, em breve, poderes ouvir a sua palavra e professar a fé, para louvor e glória de Deus Pai”. Há aqui uma clara intenção pastoral: fazer com que os pais e os padrinhos compreendam que a criança que eles levaram ao Baptismo deve ser instruída na fé pela escuta da palavra de Deus e ser educada para a expressão desta fé na oração e na vida.

A lª leitura é do Livro de Isaías. O profeta dirige este oráculo aos Israelitas que estão prisioneiros em Babilónia, tristes e desanimados. A resposta do profeta é uma mensagem de esperança. As promessas contidas neste maravilhoso trecho começaram a cumprir-se com a vinda de Jesus, mas não se realizaram completamente durante a sua vida terrena. Hoje os seus discípulos são chamados a levar a bom termo a obra por Ele anunciada.

A 2ª leitura é da Epístola de São Tiago. Deus não faz aceção de pessoas, e os cristãos também devem proceder de igual modo. E dá um exemplo dessa discriminação. Isso não acontece certamente nas nossas assembleias litúrgicas. Mas é a partir delas que devemos proceder na vida. Lembram-nos como será o mundo novo que somos chamados a construir: um mundo em que todos os homens se sintam realmente irmãos, com iguais direitos e dignidade, um mundo em que também aos últimos seja dada a possibilidade de se sentirem compreendidos, amados, estimados.

O Evangelho é de São Marcos. Jesus cura um surdo que mal podia falar, afastando-o da multidão e fazendo vários gestos simbólicos. Ao curar o surdo-mudo, Jesus quer ensinar, antes de mais, que começou um novo diálogo entre o Céu e a terra. Aos homens, judeus e pagãos, são abertos os ouvidos e o coração. A partir de agora, todos podem escutar o Evangelho, acolhê-lo na fé e anunciá-lo aos irmãos.