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São João de Deus, Fundador da Ordem dos Irmãos Hospitaleiros (1495-1550)

08/03/2022

João Cidade, fundador da Ordem dos Irmãos hospitaleiros, nasceu em Montemor-o-Novo, Portugal, em 1495, e morreu em Granada, Espanha, a 8 de março de 1550.

Tinha oito anos quando, ao ouvir as descrições dum peregrino, sendo sonhador e ambicioso de novidades, se lançou no desconhecido e penetrou em terras de Espanha; atravessou o Guadiana e chegou por fim à vila de Oropesa, onde, extenuado e quase sem sinais de vida, foi recolhido por um rico proprietário, que o manteve ao seu serviço, primeiro como pastor, depois como maioral e administrador, e ultimamente como homem de plena confiança. […]

Alista-se na hoste que o Conde de Oropesa estava a reunir, contra os franceses de Francisco I. Como Inácio de Loyola, toma parte na guerra de Navarra e está presente no cerco de Fuenterrabia. Foi para ele, que ia chegar aos 25 anos, tempo de duras provas. […]

Volta derrotado e triste a casa do seu antigo amo de Oropesa, e novamente se alista, desta vez nas campanhas contra o Turco no centro da Europa; chega até Viena e, terminada a empresa, vai como peregrino a Santiago de Compostela. Recorda-se lá da terra natal e dos pais. Vai a Montemor, mas na casa ninguém o conhece, pois tinham morrido o pai e a mãe. Mas um parente afastado oferece-lhe hospitalidade, carinho e dinheiro; ele porém não aceita e volta a Espanha, fazendo-se guardador de gado em Sevilha. E transfere-se depois para África, no séquito dum fidalgo português que vai degredado e embarca em Gibraltar.

Em Ceuta é pedreiro nas muralhas, e com os ganhos ajuda enfermos e necessitados. As suas aventuras vão-se todavia orientando pouco a pouco com a luz da vocação divina. Volta à Península; pára em Gibraltar e torna-se vendedor de livros e imagens. Entre o que é piedoso, fornece também livros de cavalaria; mas tem escrúpulos e frequentemente dissuade os compradores de que os leiam. Como vendedor ambulante percorre, com as mercadorias às costas, as ruas de Gibraltar, de Algeciras e doutras cidades da costa. Assim chega até Granada onde, na idade madura de 42 anos, Deus o espera para finalmente lhe dar a conhecer a sua verdadeira vocação. Instala a sua livraria na rua de Elvira, onde pouco depois nasceria o Doutor Exímio, Francisco Suárez, futuro catedrático da Universidade de Coimbra.

[…] A 20 de janeiro de 1537 pregou nesta cidade S. João de Ávila. […] As palavras do pregador atingiram o íntimo de João Cidade, como setas ao corpo de S. Sebastião. Sentiu-se tão arrependido dos pecados que, saindo precipitadamente do templo, pôs-se a correr pelas ruas gritando a plenos pulmões: – Misericórdia, Senhor, misericórdia!

As pessoas que o viam correr e gritar, tomando-o por doido – as crianças primeiro e depois a população toda– começaram a injuriá-lo, a atirar-lhe pedras e todas as imundices encontradas. João distribuiu aos pobres tudo quanto possuía e começou vida de tão rigorosa penitência, que a maior parte da gente tomou-o por louco, chegando ele a ser metido num hospital de alienados. […]

A loucura de S. João de Deus manteve-se até que S. João de Avila a proibiu. Assim, o nosso Santo imediatamente se tomou cordato e dedicou-se a tratar os doentes. Reuniu esmolas e construiu um amplo e bem organizado hospital em Granada. Juntaram-se-lhe outras almas generosas e sacrificadas, e nasceu a Ordem dos Irmãos Hospitaleiros. […]

Caindo em doença grave, ao sentir próxima a morte, levanta-se da cama, veste-se e prostra-se no chão. Apertando ao peito um crucifixo, exala o último suspiro. Granada inteira desfila diante daquele homem-prodígio de humildade e caridade.

Foi beatificado em 1630 e canonizado em 1690. Clemente IX declarou-o patrono dos hospitais católicos. Leão XIII ordenou que o seu nome fosse mencionado nas Ladainhas dos agonizantes, juntamente com S. Camilo de Lélis. E, em 1930, Pio XI colocou sob a proteção dos dois Santos os enfermeiros católicos e suas associações.

O corpo de S. João de Deus – que assim se ficou chamando desde os primeiros contactos com S. João de Ávila – venera-se na sua basílica menor de Granada. Desta cidade recebeu Portugal certa compensação, com a vinda dos seus dois filhos – o Doutor Exímio e Fr. Luís de Granada – que jazem, respetivamente, em S. Roque e em S. Domingos, de Lisboa.

 

Ler a biografia integral em:
JOSÉ LEITE, SJ (Organização de), “Santos de Cada Dia” I – Janeiro, Fevereiro, Março e Abril | 4ª edição revista e atualizada por António José Coelho, SJ, Editorial A.O. Braga 2003.