Ousaram, P. Moreira das Neves (poeta) e Armando Leça (músico), editar com o mesmo nome, acrescentando INFANTIL, em 1940.
“Se uma criança tropeça
E cai no pó do caminho,
Ninguém mais que Deus tem pressa
Em dar-lhe a mão de mansinho”.
Entra no Baú de Memórias… É relíquia.
A incentivar o canto entre as crianças:
“O Canto Coral revela aos alunos momentos únicos pela expressão dos rostos, excelência dos gestos e atitudes, e pela expressão das sensibilidades embrionárias”.
Repõe-se como Memória! Utilidade? Deus o sabe.
AO
Evidenciamos aqui a introdução, com a grafia original, como convite a… abrir a parte mais propriamente musical da obra. Não estão aqui reproduzidos os textos da III parte, essencialmente por razões de espaço/peso do ficheiro.
O CANTO CORAL revela nos alunos momentos únicos pela expressão dos rostos, exuberância dos gestos e atitudes, e pela expansão das sensibilidades embrionárias.
A canção descritiva desperta-lhes o gôsto de incitar; a canção marcial dá-lhes garbo, a popular liga-os à terra e agrada-lhes pelo que tem de pronta assimilação.
As modas e os jogos de roda, coreográficas ou corais, principalmente as da própria localidade ou as mais conhecidas: ensiná-las às crianças é aportuguesá-las, porque «a obra mais representativa da Raça, por mais espontânea, é o Cancioneiro Popular. Nele vive tão inteira a alma pátria, que, pelo seu estudo, se pode reconstruir espiritualmente Portugal» – disse Teixeira de Pascoais.
A regularidade respiratória, o efeito coral que funde as vozes e o hábito de obedecer à regência são disciplinadores; corrigem o plebeísmo da pronúncia, exercitam para a fonética dos diversos idiomas e para a articulação clara pelos versos. «A nossa língua, para cantar, é suave com um certo sentimento que favorece a música» – escreveu Francisco Rodrigues Lobo.
Agostinho de Campos recomenda que se deve «prolongar, exagerar o elemento vocálico, e, pelo contrário, adoçar, atenuar, sacrificar estéticamente os ruídos consonânticos mais duros e mais desagradáveis».
A modorra da aula, a preguiça das disciplinas que requerem cuidança de estudo, o adormecimento da sensibilidade, tudo se espertina, anima com o entoar do primeiro côro.
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Antes de ingressarem no canto coral, devem os alunos ser observados pelos médicos escolares. Há casos de anomalias fónicas – laringites, faringites -; os átonos, isto é, carecentes de memória musical, compete ao professor apartá-los.
A percentagem dêstes é reduzida porque essa insensibilidade da outiva corrige-se, quási sempre, com o canto coral.
Evite-se a fadiga pelo «excessivo esfôrço da laringe» que pode velar as vozitas, em vez de lhes manter a sua branca suavidade tão cristalina. No canto coral, um fio de sonoridade de cada aluno bastará para o efeito dinâmico, e mesmo só depois dos dez anos é que se faz a cultura das vozes.
Ensaiar sempre a meia voz, verso a verso, até ao fim das estâncias. Como o canto individual perturba os alunos, reduz-se pouco a pouco ao número dos componentes do côro até se ouvirem apenas os mais firmes, e então, é reduzi-los ao mínimo.
Os coros a duas vozes, dêste livro, são de fácil aprendizagem, porque o processo popular é simples: melodias com terceiras sobrepostas. Ensaiar separadamente.
Nas modas com estribilhos, êstes podem ser coreados. Escolhemos da nossa colectânea as modas mais singelas e expressivas. Ritmo fácil, melodismo sugestivo de entoação apropriada e à altura das vozes dos alunos.
Aqui e ali se alteraram ligeiramente os versos, em atenção à idade dos intérpretes.
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Os acompanhamentos do piano facilitaram-se propositadamente, demais que nem sempre há o recurso dêsse instrumento.
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Exercício recomendável para a entoação e extensão de vozes, inspiração, ritmo e fonética: vocalizar a escala de Dó Maior, ascendente e descendente: U — Ó — Á — É — Í.