0. O grito de despedida

Pode ler aqui uma versão mais completa e rica desta mesma crónica

TÁ NA MALA! TÁ NA MALA!

Arremedando uns acordes incipientes nas cordas duma viola, cantámos entusiasmados o “grito (do fim) da guerra colonial”! Grito simbólico, na Guiné a desabafar 2 anos, sempre mais, de comissão obrigatória, numa guerra que nunca ninguém compreendeu, nem quem a promulgou, nem quem a sustentou e dela beneficiou ou a teve de aguentar. “Tá na mala!” era o grito de despedida.
Guiné! Estive lá! Fui lá!
42 anos separam sentimentos díspares, os de então angustiados e sem se perceber o sentido, os de agora, de memórias de caminhos pisados, quantas vezes minados, hoje, livres, sim, mas sempre com aquele signo de medo e angústia que assolapavam o coração dos que, à força, tinham o “dever” de defender nem se sabia bem o quê!
Mistura-se a realidade dum “diário” vivido e escrito, com a memória hoje tornada presente em locais de vivências estranhas em vidas de jovens, cheios de sonhos, mas contrariados por ventos que lhes eram alheios e poucos benefícios lhes proporcionaram.
É o objectivo destas simples crónicas.
Em boa hora, a UASP (União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses) lançou esta iniciativa que não só espicaçou a “memória” de antigos combatentes, e a outros levou a ambientes de verdadeiros oásis de evangelização e caridade. Sim, aqui a vocação cristã tem uma expressão sincera e alegre em todos aqueles que, idos de diversos continentes, aqui prestam serviços inimagináveis de âmbito sanitário, educacional e religioso.
Bem hajam! São um exemplo extraordinário que toca, que fica no fundo do coração.
Se a “pena” não falhar… continuaremos. Talvez algum antigo combatente se reveja em alguns dos nomes citados…

Artur Oliveira (Alferes Capelão)